Olá! A atividade desta semana será a de ler estes 3 relatos de sobreviventes do Holocausto e comentá-los no blog, no Diário de Bordo você terá que copiar os trechos mais marcantes, em sua opinião, e explicar o motivo que chamaram sua atenção. Você que é nosso visitante poste seus comentários enriquecendo nossa atividade.
Esta reportagem foi tirada do link abaixo:
http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=16014&cod_canal=48
Profª Priscila Andrea Língua Brasileira.
As marcas eternas do
Holocausto. Três depoimentos
Na manhã de primavera do dia 28 de setembro, jovens de 13 e
14 anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Profªa Maria Gusmão Britto de
São Leopoldo tiveram a oportunidade de sentir de perto os dramas e as
dificuldades vividas por milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. O
encontro foi organizado pelo Instituto Cultural Judaico Marc Chagal, pela Associação
Beneficente e Cultural B’nai B’rith do Brasil Região Sul e pela E.M.E.F.
O painel “Holocausto. Compromisso moral e lições de
solidariedade” foi um evento não obrigatório para os alunos, entretanto, todos
estiveram presentes, tendo a oportunidade de escutar depoimentos de
sobreviventes da guerra. Os palestrantes foram Max Wachsman Schanzer, Johannes
Melis e Bernard Kats, que sofreram de formas diferentes o drama da perseguição
e da morte.
Confira os
depoimentos.
Em 1939 foi quando tudo começou.
Nascido em 1928 na Polônia, Max Wachsman Schanzer, vivia com
seus pais, dois irmãos e três irmãs. Com o início da guerra, Max e sua família
foram confinados. Ele, sua família e mais 40 mil pessoas dividiam um pequeno
espaço de trabalho, vivendo em condições desumanas. “Muitas pessoas morreram de
fome e de doenças”, conta. Em 1943 os judeus foram convocados para uma seleção
pelos nazistas. A família Schanzer não
foi. “Os policiais alemães descobriram o nosso esconderijo e separaram minha
família. Meus pais foram levados direto para câmaras de gás e eu e meus irmãos
para campos de concentração diferentes”, lembra Max.
O trabalho era escravo. Eram mais de 14 horas por dia de
labuta e a alimentação consistia em pão e água. “Não sei como sobrevivi. Aquilo
lá era uma fábrica de escravos”, conta. Além disto, em 1944, Max foi levado
para outro campo de concentração onde eram fabricados tanques e armamentos. Max
sofreu. “Eu trabalhava na rua passando um frio brutal. Foi quando resolvi
fugir”.
A primeira tentativa de Max foi esconder-se embaixo de um
colchão. Foi descoberto. Como forma de punição levou 50 chicotadas, desmaiando
na chicotada número 35. No último ano de guerra, 1945, a Alemanha já estava
prestes a perder e milhares de pessoas já procuravam formas de fugir, entre
eles, Max. “Caminhamos dia e noite sem comida, doentes, fracos e tínhamos que
escapar dos bombardeios dos americanos. Éramos 500, sobraram 80. Graças a Deus
o inferno estava terminando”. No dia 07 de maio de 1945, data em que foi
assinada a rendição da Alemanha, Max foi libertado pelo exército Russo.
Encerrada a guerra Max queria recomeçar sua vida. Iniciou
procurando a sua família, encontrando seus irmãos. Com a tensão da Guerra Fria,
em 1950, e com o temor de que todo o terror recomeçaria os europeus passaram a
migrar para as Américas. “Eu escolhi como destino o Brasil. Em 1953
desembarquei em São Paulo e então viajei para o Rio Grande do Sul onde havia
predominância alemã”, conta. Em 1954, Max se mudou para Porto Alegre, onde casou
e teve filhos e netos. “Só tenho que agradecer ao Brasil que me acolheu com seu
clima tropical e com sua paz. O Brasil é melhor país do mundo, vocês não tem
ideia. Aqui é maravilhoso”, finaliza Max.
Um exemplo de
solidariedade.
O segundo depoimento foi de Johannes Melis que nasceu na
Holanda, país invadido em 1940 pelos nazistas. “Por ter sido invadido
posteriormente, nós conseguimos nos preparar. Meu pai fez diversos esconderijos
pela casa, no sótão, jardim, na despensa de batatas e embaixo da pia da
cozinha. Já minha mãe fez compotas e guardou muitos alimentos”, revela Melis.
Seriam necessários muitos esconderijos e muito alimento.
No decorrer da guerra, a família de Melis passou a refugiar
judeus e soldados em sua casa. “Eu tremia de medo quando os soldados alemães
revistavam nossa casa, pois estávamos dando refugio para muitas pessoas”,
conta. Quando os aliados começaram a invadir a Europa foi quando a guerra
realmente começou de verdade. Fugindo dos cada vez mais freqüentes embates,
Mélis e sua família se esconderam e, descobertos pelo exército aliado, foram
salvos. “Viemos então para o Brasil, onde ficamos no Rio de Janeiro e depois
fomos para o sul. Não há país como o Brasil”, ressalta. Após a guerra, o pai de
Johannes recebeu inúmeras homenagens de autoridades e das famílias das pessoas
que a família auxiliou durante a guerra.
As marcas da guerra.
“Durante mais de 50 anos não consegui superar minhas
memórias”, inicia Bernard Kats. Holandês e judeu, Bernard tinha somente quatro
anos quando a guerra iniciou. Com cinco anos viu seu pai sendo arrancado de
casa pelo exército nazista. “Poucas semanas depois uma carta da Cruz Vermelha
chegou a nossa casa. Ela dizia que meu pai havia morrido. Até hoje vejo minha
mãe na frente de casa com aquela carta na mão. Ela ficou grisalha da noite para
o dia”, relembra Bernard.
Bernard teve sete endereços diferentes durante a guerra,
tendo sido acolhido junto com sua irmã por uma família protestante. Todas as
noites ele falava alguns ensinamentos em hebraico que foram se perdendo com o
tempo. “Contudo, a família nos ensinou como agradecer e pedir amparo durante a
noite”, conta. Durante o tempo em que ficou escondido na casa dos seus “pais
adotivos”, como ele mesmo os trata, Berdard criou laços afetivos com a família.
“Eles tinham uma filha e até hoje tenho contato muito forte ela”, revela
Bernard, que após o fim da guerra conseguiu migrar para o Brasil. Hoje ele mora
com sua família em Porto Alegre.
“Até hoje tenho um sentimento de culpa muito grande dentro
de mim. Milhões de pessoas morreram, inclusive parte da minha família. Porque
sobrevivi? As marcas da guerra seguem no meu cotidiano, desde a forma como
estaciono o meu carro até a necessidade de fechar todas as janelas e persianas
no chegar da noite. O nervosismo da guerra ficará para a vida inteira. Para
aceitar certas coisas na vida só mesmo com o tempo”, finaliza.
As reflexões.
Questionados se contavam para seus filhos as histórias
vividas na Segunda Guerra Mundial, Max Schanzer foi enfático em sua resposta.
“É uma obrigação que temos em passar isso para os mais jovens. Precisamos
evitar que cresçam ditadores e pensamentos ditatoriais. Não podemos reviver
aquele momento da história”, ressalta.
As histórias mexeram com os jovens e adultos que
acompanharam as falas com olhos vidrados e respirações silenciosas. Bastava
olhar para os lados para perceber que a dor permanecia nos olhos de muitas
pessoas ligadas as famílias dos palestrantes, ou então as lágrimas de jovens
que não conseguiam medir a intensidade daquelas vivências. “É através deste
momento que temos que refletir sobre a tolerância, sobre a aceitação, sem
priorizar questões como religião ou raça. Precisamos fazer o mundo mais
humano”, ressalta Ieda Gutfreind, presidente do ICJMC.
A troca de experiências entre os alunos e os palestrantes
iniciou com uma apresentação de um vídeo sobre o conhecimento dos estudantes
sobre o holocausto e foi encerrada com uma apresentação teatral dos alunos, que
retratava as dores e a esperança de quem viveu essa terrível parte da história.
Era uma simples manhã
nublada que, com certeza, ficará na memória de todos.